domingo, 15 de abril de 2012

O Corvo, A Coruja e a Arvore da vida ( Um conto de mistérios).


Lá, no centro de tudo, têm uma árvore.
Uma árvore de raro esplendor.
Seus frutos são enormes
Suas folhas reluzentes,
Suas raízes se perdem pelo infinito,
Seus troncos são como aço forte e firme.
Sua copa está muito além dos olhos divinos...

Sua origem é um mistério...

Ao longo de milhares de anos ela já estava lá.

Não se sabe sua idade, muito menos quem a plantou.
Ela simplesmente lá está lá esteve e sempre estará lá.
Á sua volta estão os doze do zodíaco.

Abaixo de suas raízes estão os reinos das formas concretas.
Da base até o centro de seu tronco estão os reinos abstratos.
Do centro até o início da copa estão os reinos da ordem.

Da copa acima estão os reinos do caos e sobre ela está o reino da supra perfeição.


A Árvore é viva.
Têm conhecimentos de todos os reinos que estão a sua volta.
Ela conhece a essência humana e as dádivas dos divinos.

Ela vê ordem no caos e caos na ordem.


Do lado direito da árvore mora um corvo.

Ele é caótico em seu saber e muito arisco diante do intangível.
Desde sempre ele esta lá.
Alimenta-se dos frutos da árvore e também de seu conhecimento palpável.

Do lado esquerdo mora uma coruja.

Ela é ordenada em seu saber é super acessível ao intangível.

Desde sempre ela também está lá, se alimentado dos frutos da árvore e de seus conhecimentos.
Ela se alimenta do invisível do impalpável.

Assim os três vivem em simbiose eterna.

A árvore fornece o alimento e eles a companhia a ela.

Ao longo dos milhares de anos, a existência era pacifica e harmônica, até o dia que a árvore pediu ao corvo e a coruja:
- Vão ao reino dos homens ver o que acontece por lá e fiquem um ano observando o modo de vida deles e por lá fiquem um ano.

Depois, retornem e me contem tudo o viram e sentiram.

Foram eles á Terra dos Homens.

A coruja em seu voo ordenado e o corvo e seu balanço caótico rumo ao desconhecido.

Durante um ano eles visitaram todas as tribos, raças e gêneros humanos.

Viram desde á guerra á paz.
Do amor ao ódio.
Não deixaram escapar nada.
Gravaram tudo em suas memórias, cada um a seu jeito e forma.


No último dia do ano, eles partiram direção á grande árvore, mas dessa vez ambos estavam voando igual, hora caótico, hora ordenado.

Eles estranharam, mas continuaram seu vôo, até chegarem aos galhos que lhes pertencem.

Por um longo período a árvore não disse absolutamente nada e muito menos a coruja e corvo abriram seus bicos.

Três dias após suas chegadas a árvore falou:
- Já lhes dei tempo para pensar no que viram, agora contem a mim o que viram.

Disse o corvo:
- Mãe, não gostei das coisas que vi, são extremamente confusas...

A coruja prontamente retrucou:
- Não é verdade. Tudo o que é perfeitamente ordenado e gostei do que vi...

O corvo respondeu:
- Como pode ter gostado de ver aquilo lá?
- Nada está no lugar, é uma confusão sem fim em todas as áreas. Eles não se entendem em nada...

Então, a coruja gritou:
- Não seja cego! Eles se entendem através da confusão... Tu não viste?

Quando o corvo ia responder, a árvore interveio e falou:
- Cada um fale o que viu á sua forma e sem confusão.
- Um fale, depois, o outro.

Fale você primeiro corvo:
- Mãe, eu vi que os homens gritam pela paz, mas vivem na guerra. Como pode ser? Isso é uma coisa confusa...

A árvore fez um sinal para a coruja falar e disse a coruja:
- Mãe, eu vi que o homem faz a guerra esperando alcançar a paz em seguida...
- Isso não é confuso não, é apenas uma forma de chegar a uma meta maior...

Então, a árvore falou em toda sua sabedoria:
- Ambos estão certos, mas também errados.

Então, o corvo e a coruja disseram:
- Nós não entendemos isso mãe...

A árvore pôs-se a explicar:
- Meus filhos, realmente é confuso você ver que gritam pela paz, mas fazem a guerra e também é bem compreensível ver que se usa a guerra para atingir a paz, mas vocês não viram as coisas de uma forma mais profunda.
- Um está vendo pelo caos e outro pela ordem, mas vocês não tentaram ver pela sabedoria da lógica.

- Então lhes falarei por essa ótica:
- Querer paz, mas fazer a guerra é uma forma de manter a meta da paz em foco.
Sem o sentido de guerra a paz é irrelevante e vice e versa.
A guerra nada mais é que o caminho para a paz, mas no reino dos homens há uma grande distorção dos fatos.

A guerra externa deles está intimamente ligada á guerra interna deles mesmo.
A paz naquele reino só é atingida quando uma guerra interna é vencida e cada homem, lar até ordem e caos são apenas vertentes da face humana.

Lá:
  • O sábio é ignorante,
  • O ignorante é sábio
  • E vice e versa.

Vejam. Vocês dois estão mudados apenas por que ficaram um ano lá.

Tornaram-se dúbios, suas visões que eram equilibradas, que representavam os dois lados das balanças agora se confrontando...

  • O que havia de sabedoria em um se tornou ignorância
  • E o que havia de ignorância virou sabedoria.

Vocês estão experimentando pela primeira vez em suas existências, dúvidas em suas grandes verdades.

O corvo disse:
- Mãe, não gosto disso não... Isso é muito estranho e doe só de pensar...

A coruja concordou e disse também:
- Mãe, porque nos mandou para essa jornada que nos modificou e nos trouxe dúvidas?

Então a árvore disse:
- Mais tarde vocês saberão por quê... E se calou por longos sete anos.

Tanto a coruja como o corvo estavam muito frustrados porque não aprenderam nada.
e pior, estavam perdendo o que sabiam; mas também permaneceram em silêncio durante os sete anos.

No 13º dia do 7º ano após suas voltas, a árvore falou:
- Meus filhos, agora vocês vão ao reino dos deuses e ficarão um ano lá vendo tudo o que eles fazem. Depois, voltem e me contem tudo...

Apesar de muito confusos, graças a ultima experiência, ambos foram para a Terra dos Deuses.
Seus vôos agora são uma confusão só.

Não havia ordem nem caos, e sim, uma mistura de ambos.


Ao chegar ao reino dos deuses, eles notaram grandes diferenças com o reino dos homens.
Aqui há uma ordem fantástica...

Eles passam um ano inteiro ali vendo essa ordem toda e assimilando tudo que podem.

Assim que esse ano acaba, eles se põe a voar em direção a grande árvore. Agora seus vôos são muito bem ordenados e sincronizados.

Eles chegaram á grande árvore e mais uma vez a árvore se manteve calada por três dias e eles também. No 4º dia, a árvore pergunta:
- O que vocês viram meus filhos?

Dessa vez, a coruja falou primeiro:
- Mãe, lá é muito diferente que a terra dos homens.
Lá tudo está em harmonia, nada fora do lugar, tudo funciona, tudo é muito claro e transparente, mas falta algo lá mãe, mas não sei o que...

O corvo falou então:
- É isso mesmo mãe! Tudo é muito calmo. Lá não há guerra e a paz não têm sentido algum. Por quê?

Então, a árvore mais uma vez se pôs a explicar:
- Meus filhos, o que vocês dizem está correto.
- O que falta lá é o que tem demais nos reino dos homens.
Lá, a guerra já não é mais interna e sim externa.

Para manter aquela ordem, eles se anulam internamente e deixam o externo comandar.
, se vive conforme a ordem quer e não como cada um quer.
Lá, eles são apenas molduras e não retratos...
Você vê o externo deles, mas nunca o interno...
Assim, eles matam o interno em prol da ordem externa.

E mais uma vez se calou, mas agora, por 14 anos.

Tanto a coruja como o corvo também se mantiveram calados nesses 14 anos.

No dia 33º do primeiro mês do ano 14, a árvore disse ao corvo e a coruja:
- Agora, vocês vão ao reino dos Asuras.
Vão ficar um ano lá e depois voltar e me contar tudo.

E assim lá foram eles, voando em ordem e sincronismo até o reino dos Asuras.

Logo de cara se se depararam com seres estranhos,
Com meios de comunicações disformes...

Não havia ordem, apenas caos naquele lugar, mas ali, ninguém deixava de se entender ou de comunicar.
Apesar das estranhezas do lugar tudo parecia muito compreensível.

Lá, ficaram um ano e viram tudo o que podiam.

Mais uma vez, um ano se passou e voltaram para a árvore, só que dessa vez o vôo deles não tinha ordem nem desordem.
Apenas voavam mais rápido e mais forte.

Ao chegar à árvore, dessa vez a árvore não se calou e logo perguntou:
- O que vocês viram e sentiram lá?

Ambos falaram juntos de forma caótica e incompreensível.

A árvore se pôs a gargalhar os vendo falar e disse:

- Não digam nada, pois vocês já disseram tudo.

Mesmo vendo que não tenho o que lhes explicar sobre lá, mesmo assim vou falar.

Lá no reino dos Asuras todas as formas são aceitas...
Lá, todas as idéias fluem...

Lá, não há mais guerra nem interna nem externa, não há ordem como as vemos.
A ordem do caos é a ordem da não-ordem no caos.

Se livre, não há dogmas, não há preconceitos, não há nada, mas há tudo lá...

Deuses, homens, são tudo e nada, não tem importância nenhuma lá, mas tudo é importante.
Lá se esconde uma verdade prima que nada é tudo. São as fases de cada um de nós.

Então, se calou e não falou mais nada por anos a fio.

- Já passados 100 anos, o corvo foi até o galho da coruja e disse a ela:
- A mãe não fala mais com a gente... Será que fizemos alguma coisa errada?
- Não sei, disse a coruja.

Vamos falar com ela então...

O corvo falou:
- Mãe...

A árvore respondeu:
- Sim, meu filho...

Por que a senhora não fala mais conosco?

A árvore respondeu:
- Não vi necessidade de falar mais.

Mas mãe, a senhora não nos mandou ao último reino, o reino da supra perfeição...

Então, disse a árvore:
- Eu não os mandei e nem vou...
Quem vai mandar vocês irem lá serão vocês mesmos e não eu...

Por quê? Disse a coruja

Então, respondeu a árvore:

Somente quando:
Suas raízes estiverem presas ao concreto da vida,
Seus troncos médios estiverem firme no abstrato da vida,
Seu tronco superior não se dobrar diante da ordem da vida,
E as folhas de suas copas não se penderem na tempestade do caos,
Aí sim, vocês poderão chegar ao supremo e perfeito...
Até lá, estudem o que viram e criem raízes de sabedoria como eu criei.

A coruja e o corvo então saíram dos galhos e foram criar suas raízes próximas á sua mãe.

Aqui termina essa historia que vi desde início.

Meu nome é tempo.

Sou o escritor maior da história.

  • A árvore se chama sabedoria,
  • O corvo razão
  • E a coruja lógica.

Moral dessas historia: Mesmo juntas, lógica e razão não são maiores que a sabedoria.
A sabedoria as guia para um novo caminho e eu, o tempo, apenas observo e lhes conto o que vi.

Até a próxima meus amigos.

E não se esqueçam: Nada foge aos olhos do tempo.

Eu vejo tudo e um dia pode ser que eu conte a sua história a alguém...

Por ultimo: pare com essa história de dar um tempo, por que eu não pertenço a ninguém, então ninguém pode me dar.

Até á vista crianças.

3 comentários:

  1. O tempo é o senhor do destino dos homens... percebe-se, porém, quando já não há mais tempo...

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  2. Olá Anjo! Obrigado por votar no Baú.
    Adorei o conto...o Tempo é o sábio que nos instrui e aceita aquele que tem vontade de crescer e ganhar experiência. Beijos pra ti.

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