quinta-feira, 25 de novembro de 2010

No limite da fé

Muitas vezes, nós humanos nos sentimos tão abandonados e injustiçados, que nossa fé em algo maior e em nós mesmo fica no limite.

Nessa hora, o que nos resta é lamentar e culpar alguém, em uma tentativa de achar respostas para uma situação que no momento parece ser a pior de todas.

Não importa qual nossa fé...

Qual nossa crença...

Qual nossa religião...

Todos nós humanos passamos por isso uma vez ou outra na vida.

É nesse momento que devemos abrir os olhos, olhar bem fundo dentro de nós e vermos que a fé é mais que uma simples crença no abstrato.

A Fé é a própria vida!

Cada dia, quando acordamos, é pela fé que levantamos da cama...

Se não fosse à fé, como abriríamos os olhos pela manhã?

Como nosso corpo se movimentaria?

É pela fé em nosso corpo e nas capacidades que ele tem, que levantamos todos os dias da cama...

Sem essa fé, ficaríamos lá na cama sem levantar...

A cada momento botamos nossa fé em ação...

Falamos, pois cremos que nossas palavras serão ouvidas,

Mesmo que não vejamos a fé nesses atos tão simples, ela está lá nos ajudando.

A fé tem muitas formas...

Muitas aparências, meios e jeitos...

Mas em essência, continua a ser fé.

A fé está para nós humanos, assim como a água está para os peixes.

Habitamos a cada dia, a cada momento, dentro dela.

Muitas pessoas dizem tê-la perdido, mas isso é um grande engano...

Ninguém a perde realmente..., só deixa de observar que ela está lá o tempo todo.

A fé é algo muito maior que um simples ato de crer em algo externo e distante...

É a manifestação mais divina que todos os seres humanos têm...

É no limite da fé que se descobre que na verdade ela não tem limites...

Se olharmos bem, a fé vem conosco desde muito cedo.

Quando criança, temos fé em nossos pais...

Às vezes, essa fé se perde, ou talvez não...

Ela só mude de direção...

Ao longo da vida teremos fé nos amigos, amores, em nosso trabalho, filhos e por fim, se tivemos uma consciência bem apurada e trabalhada teremos fé em nós mesmos...

Já a fé em algo maior e externo, essa depende muito de nossos desejos...

Costumo dizer, que nós humanos, só cremos em deuses ou divindades até quando elas nos agradam...

Caso nos desagrade, as largamos e vamos atrás de outras...

Daí, veremos que nunca tínhamos fé naquilo, só pregávamos hipocrisia de algo que nos era cômodo...

Fé verdadeira não precisa de defesa ou provas, por si só ela se basta...

Talvez essa pregação de hipocrisia e de se agarrar a algo que não temos fé por mero comodismo seja um grave erro da faceta humana, mas cada um que julgue seus atos por si próprio...

Para concluir.

Somos seres cheios de Fé, mas às vezes ficamos cegos para essa fé...

Fé é vida manifestada, falta de fé é fechar os olhos para vida...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

PRATO RASO DE SOPA FRIA



Ele se chamava Zé.

Não que seu nome fosse esse, mas era assim que aquele homem de vida dura era chamado.
Para uns, ele era o Zé ninguém. Para outros, ele era o Zé da praça, sem contar os infames nomes que lhe eram colocados de tempos em tempos:
Zé sujo, Zé maloqueiro, etc.
Mas, apenas um desses muitos nomes Zé gostava.

Era: Zé dos cães.

Zé tinha um nome, o esquecera ou talvez nunca dissesse, pois ninguém estava interessado em saber seu nome verdadeiro.


Zé era um homem que vivia nas ruas.

Seu teto eram as marquises das pontes, as árvores das praças ou até mesmo o céu estrelado.
A rua era sua casa. Seu lar de dificuldades...
Ele era um mendigo, maltrapilho, um esquecido...
Mas Zé, como qualquer um de nós era humano... ao menos ele se achava isso... Mesmo nas horas que era tratado como lixo por sua condição...

Zé nunca deixou de ser humano para virar bicho ou fera, mesmo assim muitas vezes se sentiu mal por ser mal visto.


Zé era visto como um lixo humano...

As pessoas o evitavam e atravessavam a rua ao vê-lo...
Ele sempre era barrado nas portas de bares, restaurantes e estabelecimentos comerciais.
Não que ele estivesse imundo quando tentava entrar, mas sabem como é ter um maltrapilho por perto...
(É ruim para os negócios...) ou (pode espantar os clientes...)

Os clientes que odeiam ver gente suja e ver a pobreza de perto...

Zé provavelmente não teria dinheiro para pagar sequer a água que lá era vendida...
Água essa que o mundo nos dá de graça e que muita gente ganha rios de dinheiro com ela...

Mas Zé não se preocupava muito com isso. Ele tinha outros problemas para pensar...
Onde ficar no inverno...
Época do ano terrível para quem tem a rua como casa...
Ele poderia ficar em algum albergue, mas a única vez que fez isso, além de ser humilhado foi roubado...


Sendo assim, Zé decidiu nunca mais ficar em um albergue.


Zé, ao longo de sua vida nas ruas, ou melhor, dizendo, ao longo de sua luta pela sobrevivência nas ruas, viu muitos amigos e companheiro de miséria morrerem de frio.

Na mente de Zé, nessa época, sempre vinha à imagem de um velho amigo que em uma noite fria de inverno morreu no desamparo...
Esse amigo sofreu muito aquela noite... A morte veio aos poucos na forma de hipotermia.
Ao amanhecer, foi Zé quem achou o amigo morto com os olhos abertos e seu corpo gelado...

(Essa imagem seguiria Zé para todo a sua vida)

Zé, por vezes, na época do inverno, se juntava a outros humanos esquecidos como ele... assim dormiam juntos a fim de um aquecer o outro.

Uma noite, quando Zé dormia no centro da cidade junto a seus irmão de rua, um carro se aproximou. Dentro do veículo estavam quatro homens encapuzados carregando garrafas de álcool.

Esses homens riam enquanto jogavam álcool em Zé e seus irmãos de rua.
Logo depois, acenderam um fósforo e jogaram neles.
Zé conseguiu correr antes que o fogo pegasse, mas muitos irmãos não tiveram tanta sorte...

E começaram a queimar...

Os homens encapuzados fugiram e deixaram para trás a tragédia que iniciaram...

Zé tentou ajudar os irmãos de rua, mas um ele não conseguiu ajudar...
Este caiu agonizando com queimaduras de terceiro grau e morreu horas depois em um hospital público... Outros, ficaram marcados pela maldade humana para sempre...


Zé não fora queimado, mas seu trauma seria eterno...


Com poucas opções, Zé tentava achar um lugar para ficar, mas os lugares bons para um cidadão da rua ficar muitas vezes já estavam ocupados.
As melhores opções eram os vãos das pontes, entradas, saídas de bueiros já não utilizados e as praças...
Até a chegada do o inverno era preciso juntar jornal.

O jornal no inverno tinha muitas utilidades.

Servia para fazer fogo e se aquecer...
Servia para forrar a parte interna das roupas rasgadas e sujas...
Zé sabia que amassar cem jornais e botar dentro da roupa isolava o corpo da friagem, já os papelões que durante o resto ano ele recolhia para vender e ganhar um dinheiro nessa época do ano virava cabana.


Muitas vezes no inverno, almas boas vinham às ruas distribuir sopas quentes.
Sopa essa que para Zé era mais que uma refeição, era na verdade um sopro de vida.


Zé temia o inverno, pois um homem sem teto e com dificuldades de conseguir alimento facilmente adoeceria nessa época, mas Zé sempre dava um jeito de sobreviver.

Era no inverno que se podia ver Zé olhando aquela foto já amassada e rasgada nas pontas...
Era a foto da família de Zé...
Mulher e filhos, pouco se sabe deles...
Não sabemos se ele os abandonou ou se eles o abandonaram...
Não sabemos se estavam vivos ou mortos...
Zé nunca falava deles, apenas olhava a foto e deixava correr lágrimas em seu velho rosto endurecido pelas dores da vida na rua.

Já no verão, os problemas eram outros...
Calor demais, chuvas, falta de água para banho e beber.

A água para beber talvez fosse o mais fácil de conseguir, mas muitas vezes até mesmo a água, elemento básico da vida, era difícil de conseguir.

Para aliviar o calor, Zé muitas vezes se banhava nos chafarizes e lagos das praças.
Muitas vezes isso lhe causava problemas.
As autoridades que nunca fizeram nada por Zé o expulsavam desse locais às vezes agressivamente...

Já as chuvas eram um perigo constante, pois poderia levar embora nas milhares de enchentes as poucas coisas de Zé ou até mesmo levá-lo para alguma galeria suja que seria o sepulcro de nosso irmão das ruas.

As chuvas também poderiam deixá-lo doente e ficar doente na rua, na maioria das vezes, era sentença de morte.


Zé trabalhava.


Nunca admitiu pedir esmola.
Às vezes pedia comida, mas nunca dinheiro...
Ele catava latinhas, papelão e os vendia para reciclagem.

Zé teve um carrinho para carregar as coisas, mas certa vez uma enchente levou o carinho e o destruiu.

Desde então, Zé carregava kilos e kilos de latinhas e papelão nas costas.

Ao longo de sua vida na rua consegui ter alguns amigos fiéis que dariam a vida por ele: eram os cães vira-lata.
Nesses, Zé confiava e com eles ele dividia tudo.
Metade do que conseguia de alimento ele dava a seus amigos, a outra metade ele comia.

Os cães protegiam Zé de tudo e todos...

Antes dos cães andarem com Zé, ele sempre era vítima de brincadeiras e agressões de pessoas que só passam a vida para fazer o mal aos outros ou simplesmente descontam sua própria imbecilidade nos outros, mas os cães acabaram com isso.
Quem tentasse fazer mal a Zé encontraria uma barreira fiel feita pelos cães, que eram mais humanos que muita gente...

Foi da fidelidade que Zé tinha pelos cães, e da fidelidade que cães tinham para com o Zé que surgiu o nome Zé dos cães.

Zé trabalhava o dia inteiro para só a noite comer...

Às vezes, donos de bares e restaurantes lhe davam comida e Zé aceitava.
Ele sempre agradecia dizendo:
-Que deus te dê em dobro.

Havia épocas que Zé não conseguia latinhas ou papelão, ou sequer um pão velho duro para comer com ninguém...
Nesses tempos, ele revirava os lixos da cidade.
De lá, tirava comidas podres e fédidas, pois nenhum ser humano deveria comê-la...
Contudo, para Zé e seus cães isso era um banquete em épocas de fome extrema...

Por vezes, as pessoas passavam e se enojavam ao ver Zé comendo coisas tiradas do lixo, mas nenhum deles se propunha lhe oferecer um pão ou um simples prato de comida...

É muito fácil julgar as pessoas quando não se está na pele delas, mas Zé não ligava para os olhares de condenação.

Na verdade, ele nem percebia...
A fome era muito maior do que ficar se preocupando com que o outros achavam dele...


A fome era uma constante companheira de Zé.


Em um verão, Zé estava andando pela cidade e o tempo fechou.
A tempestade veio e ele não teve como se proteger se molhou muito...

Na noite daquele dia, Zé começou a sentir que estava adoecendo
Ele então foi para uma praça e lá montou seu pequeno e humilde acampamento...

A doença estava piorando... E isso era péssimo.
Zé estava sem comer há dois dias e ele foi ficando debilitado...


Ele tentava sair para trabalhar, mas caia no chão e ficava um tempo lá caído...

Quem passava comentava:

-Bêbado vagabundo, encheu a cara e agora está caído...!
-Vagabundo... Não trabalha e ainda fica ai caído atrapalhando o caminho dos outros!

Muitos eram os comentários das pessoas ao vê-lo caído, mas nenhum era de apoio.
Nenhum dos que falavam sabia nada da vida dura que Zé levava e nenhum tentou ajudá-lo...
Zé levantou-se com dificuldades e voltou para a praça...
Apenas cães o olhavam e tentavam ajudar, mas Zé estava cada vez mais doente...

A gripe estava passando, mas a fome não...

Zé estava morrendo de fome e ninguém que passava perto notava isso...

A verdade é que ninguém sequer notava Zé ali...

Ele era invisível para os olhos das pessoas egoístas e que não estavam nem aí para ninguém além de si mesmas...

Quando Zé precisou de um simples olhar humano de preocupação de alguém, todos negaram.
Zé sento-se com muita dificuldade e olhou para o céu...

Nesse momento, sua respiração parou.

Zé morreu ali. Sozinho e sem companhia humana.

Os únicos seres que estavam lá sofrendo e fazendo companhia eram os cães.
Esses foram os únicos amigos que ficaram com Zé até o seu último suspiro.


Demorou algum tempo para alguém notar que Zé morrera, mas só dessa forma Zé foi notado...

Quem o olhava com olhar de condenação agora o olhava com olhar de pena.

Os cães latiam para essas pessoas como se falassem:
- Hipócritas, desumanos...
- Só agora que nosso Zé se foi vocês vem com essa humanidade...

Zé foi enterrado em uma cova rasa de indigente.
O numero da cova era 1678.
Este foi o único número que Zé, um lutador, representou para a sociedade que o matou...

E naquele momento antes de morrer Zé olhou para o céus e pensou:
-Eu agora só queria “UM PRATO RASO DE SOPA FRIA”

Zé morreu ?

Talvez não...
Todos nós somos um Zé em potencial...
Todos, um dia, podemos passar pelo que Zé passou...

Então, meus amigos, dêem valor ás suas vidas para que no final delas vocês não queiram apenas...
um PRATO RASO DE SOPA FRIA...

sábado, 30 de outubro de 2010

A Roupa


Há muito tempo atrás, em uma aldeia distante, existia um grande sábio.

Todas as pessoas da aldeia o respeitavam.


Sua fama de sabedoria não ficava apenas em sua aldeia, mas já chegara á todas às aldeias daquele reino, até mesmo á capital.


Este sábio era um homem de gestos e roupas simples. Não ostentava riquezas tampouco posses. Ele tinha apenas o necessário para viver.


Mesmo sendo considerado um grande sábio, ele pouco falava. Só respondia quando alguém lhe perguntava ou pedia algum conselho. Com poucas palavras carregadas de simplicidade, ele sempre ajudava as pessoas em seus problemas...


Era sabido por todos, que este sábio era um grande curandeiro. Ele curava o corpo e a alma das pessoas que iam até ele em busca de ajuda...


Na capital do reino, o filho do rei estava muito doente. O rei, já buscara a cura para a doença de seu filho pelo mundo todo...


Procurou médicos, astrólogos, curandeiros, profetas e toda a gama de pessoas que se diziam “sábios”. Para desespero maior, nenhum deles encontrou a cura ou conseguiu amenizar a dor do pobre príncipe.


O rei que já ouvira falar do sábio de simplicidade ímpar daquela pequena aldeia resolveu pedir para chamá-lo até a capital.


Emissários do rei foram até ele e falaram que o príncipe estava doente, que o rei estava desesperado e que provavelmente o sábio seria a última esperança do príncipe...


O sábio respondeu que iria até a capital para ajudar o príncipe. Os emissários partiram e foram avisar que logo ele chegaria. Á princípio eles tentaram levá-lo na hora, mas ele se recusou a ir, pois disse que mesmo um príncipe tem de esperar pelo tempo certo para se curar...


Sem ter o que fazer, os emissários regressaram á capital.


O sábio pegou seu cajado e iniciou a viagem até a capital. Ao longo do caminho ajudou várias pessoas. Umas eles curou, outras aconselhou ou apenas olhou.


Ao chegar aos portões da capital, o sábio disse aos guardas que protegiam a entrada:

- venho de uma pequena aldeia a pedido do rei para ver o jovem príncipe doente...


Os guardas olharam de cima á baixo e riram. Depois falaram:

- mendigo... Vá embora... o príncipe precisa de um médico , não de um mendigo...


O sábio com toda a simplicidade olhou para os guardas e disse:

- se um mendigo pudesse curar o príncipe vocês não o deixariam entrar?

Vocês levariam a culpa de não deixar que um mendigo curasse um doente?


Os guardas se entreolharam e mandaram chamar o chefe da guarda.


Esse, prontamente veio ao portão e disse:

- sábio, foi avisado que o senhor viria, mas a lei do rei diz que nenhum maltrapilho entra pelos portões da cidade. Trarei-lhe roupas melhores para o senhor poder entrar...


O sábio prontamente respondeu:

- senhor, eu não preciso de outras roupas... Eu tenho uma roupa melhor que essa...

Após falar isso, o sábio tirou a própria roupa e ficou nu...


Fazendo isto, disse ao guarda:

- aqui está a mais bela de todas as roupas... Ela me foi dada por aquele que é maior que o seu rei... ela me foi dada pelo grande espírito que gerou o universo, portanto, nenhuma outra roupa nesse mundo pode ser melhor que essa...

Agora... Vamos até o príncipe, pois o jovem precisa ser ajudado...


O sábio entrou nu pelas ruas da capital.


O povo que via aquele homem magro que andava se apoiando num cajado se espantavam. Alguns se indignaram, mas nada falaram...

Outros achavam a nudez magra do sábio uma luz divina...


O sábio chegou ao palácio e entrou.


O rei, ao ver o sábio nu, nada falou, mas pediu:

- cure meu filho e lhe darei todas as riquezas de meu reino...


O sábio apenas olhou o rei e disse:

- me mostre seu filho, rei...


Sendo assim, foi levado aos aposentos do príncipe. Ao chegar lá, o sábio olhou o jovem e falou:

- meu jovem príncipe... Largue as dores do mundo... não mais carregue problemas em seus ombros...somente dessa forma você se livrará da dor e da doença que lhe aflige...


Como um milagre, o príncipe que estava febril e se contorcendo, fez uma força, levantou-se da cama e andou...


A febre passou e todas as dores se foram... o príncipe estava curado...


O sábio então saiu, foi até o rei e disse:

- seu filho é um rapaz de coração puro e bondoso... Será um grande rei...


Ao ouvir isto, o rei muito feliz falou:

- sábio... terás todos meus tesouros e glórias dessa Terra...


O sábio, contudo, olhou fundo nos olhos do rei e disse:

- a única coisa que realmente desejo é que nessas Terras qualquer homem possa andar livremente com suas roupas...


O rei meio sem jeito falou:

- será feito! Nunca mais julgaremos alguém por suas roupas...

Ao ouvir isso, o sábio foi embora.


Ao chegar aos portões, pegou sua velha roupa, vestiu , olhou para trás e disse:


O príncipe se curou...

O rei também...

Agora, posso voltar para minha casa e simples afazeres...


terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Dualidade das coisas


Nós, muitas vezes, nos esquecemos que tudo na vida traz dentro de si uma dualidade permanente, essa dualidade que muitas vezes nos ajuda ou nos faz se perder.

Vejamos um exemplo simples da dualidade das coisas:

O fogo que serve para aquecer, iluminar, fazer comida, também pode matar destruir e consumir tudo rapidamente...

O fogo possui a dualidade em si.

Um lado positivo que nos ajuda no dia a dia e também seu lado negativo que pode nos destruir com suas chamas.

Como o fogo, todas as coisas que existem nesse universo tem a dualidade como um de seus mais profundos e permanentes atributos.

A dualidade muitas vezes é muito mau vista por nós e de certa forma tentamos negar que também em nós ela existe.

Isso se dá porque ignoramos a dualidade das coisas e achamos que o certo é:

Bom e bom, branco e branco.

Nós humanos temos a tendência de tentar padronizar todas as coisas.
Queremos que todos sejam iguais ou o mais parecidos conosco.
Não gostamos muito de diferenças.

Essa dualidade recebe vários nomes:
Yin Yang, dicotomia, etc.

Aqui usarei o nome: dicotomia.


A dicotomia é uma das sete leis básicas e permanentes desse universo.

Sem a dicotomia, nem mesmo um átomo poderia existir...
Basta lembrar que todo átomo tem cargas positivas e negativas e sem uma das duas cargas na equação não existe o átomo...

Para que o bem exista, ele precisa de um parâmetro.

Esse parâmetro é o mal.
Sem o mal não existe o bem.

Para que o branco exista, ele precisa de um parâmetro.

Esse parâmetro é o preto.
Sem o preto o branco não existe.

Como podemos realmente saber o que é felicidade se não tivéssemos a infelicidade?

A dicotomia existe para que cada coisa saiba sua função.

Sem as sombras a luz nunca existiria.

Da mesma forma, nós humanos não existiríamos se não houvesse a dicotomia presente em nossos pais.

Um masculino.
Outra feminina.

Sem essa dualidade humana não teríamos nascido.

Mas isso também nos dá a dualidade.

Somos ambos positivos e negativos. Como nossos pais.

Vale lembrar que não se deve confundir positividade e negatividade cósmica com bondade e maldade que nós humanos vemos e fazemos...

A dicotomia cósmica é muito maior e necessária do que os possíveis rótulos que possamos lhe colocar...

Para que uma roda gire, um dos lados tem sempre de descer enquanto o outro lado sobe.

Saiba viver dentro da dualidade e aprenda a achar o equilíbrio.


O princípio negativo é frio, passivo, escuro e gerador.
Esse princípio é feminino.

O princípio positivo é quente, ativo, luminoso e conservador.
Esse princípio é masculino.

Antes que alguém considere isso alguma forma de machismo, já vou dizendo:

É das sombras negativas que surge a luz.

Portanto, o negativo gera aquilo que o positivo irá conservar.


Para entender a dança da sobras e da luz é preciso mergulhar dentro de nossa própria dicotomia...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Sol

Diariamente, a cada manhã, o Sol nasce no horizonte com toda sua realeza e brilho iluminando tudo e a todos...


O Sol com todo seu poder não faz distinções de nada nem ninguém...


Para o sol, todos os seres são filhos e a todos ele fornece suas dádivas de calor e brilho...


O Sol vence as nuvens da ignorância para cada dia renovar seu compromisso de amor para com a terra e seus filhos.


Mesmo em tempos difíceis entre as nuvens de fumaças das guerras lá está ele observando e brilhando para todos...


O Sol é infinitamente mais poderoso que qualquer ser humano ou qualquer país do mundo, mas seu poder está no amor por cada criatura que vive e depende de seu brilho e calor...


No inverno, o sol certas vezes aparece para nos avisar que o frio não é eterno e logo ele voltará...


Perto do sol somos todos crianças, mas ele nunca nos trata com descaso, sempre nos acolhe em seu calor e luz...


E nós que somos tão pequenos, muitas vez nos achamos maiores que tudo...


Deveríamos seguir o ensinamento que o verdadeiro e grande Sol nos ensina:


Só se é realmente grande quando se cuida dos pequenos...

Só se é grande quando faz de sua existência algo maior para alguém...

Só se é grande quando se usa suas dádivas em beneficio de todos.


O Sol é muito mais humano do que muitos de nós humanos...