sexta-feira, 27 de abril de 2012

O viajante


Eu sou um viajante...
  • Um homem sem fronteiras...
  • Um cidadão sem passaporte...

Atravessei oceanos,
  • Voei sobre os montes,
  • Fui de um lado a outro nas galáxias,
  • Corri pelo universo,
  • Derrubei portas,
  • Atravessei portões, vi todas as dimensões...

Estive em vários mundos, cidades,
  • Grandes países,
  • Pequenas vilas...

Vi o nada e vi o tudo...

Não lembro quando parti nem de onde parti, mas vou em frente em minha viajem,
Sem rumo
E sem chegada...


Sou um homem:
  • Sem pátria,
  • Sem família,
  • Sem amigos,
  • Sem destino...

Um marinheiro...
Sem porto,
Um piloto sem chegar,

Uma estrada sem fim...

  • Vi vampiros caçarem,
  • Já uivei com os lobos,
  • Corri com os coiotes,
  • Voei com as águias,
  • Nadei com os peixes...
  • Montei cavalos,

Estive perdido, me achei...
Vi a fome, vi guerras, vi a paz...

Senti o vento no rosto,
  • Percebi o orvalho na carne,
  • vi a sabedoria do oriente,
  • vi a riqueza do ocidente...

No sul senti o calor na pele,
No norte o frio me congelou...

Vi o sol da meia noite e a lua do meio dia,
  • Tive sede no deserto,
  • Afoguei-me no Amazonas...
  • Brinquei com os raios da tempestade,
  • Falei mal as ondas da ressaca marítima...
  • Fui queimado nas fogueiras medievais,
  • Fui decapitado pela guilhotina,
  • Chorei no cadafalso,
  • Fui preso em calabouços,
  • Estive acorrentado no abismo,
  • Caí no mais fundo dos buracos...

Já estive morto...
Fui assassinado,ressuscitei,renasci, reencarnei...

Fui cinza,
  • Fui areia,
  • Fui água limpa e água suja,

Fui o mais louco de todos, vivi dias sem fim, noites intermináveis...

Chorei rios de sangue,
Sorri a cada passo solitário,
vi árvores crescerem,
vi grandes impérios caírem como se fossem castelos de carta...

Dancei nos bailes de Versailles,
  • Naveguei com os Vikings,
  • Estive nos campo de batalha da Normandia a Waterloo...

Fui rico, fui pobre...

Vi ignorantes serem ovacionados...
vi sábios serem esquecidos...
Estive lá,
Estive cá...
Estive longe demais e perto de menos...

Fui á velha Grécia ver suas tragédias,
Estive perto dos bacanais Romanos...

Fui á China ver soldados de pedras serem enterrados,
  • Fumei todos os cigarros,
  • Bebi tonéis de vinho,
  • Pulei de Cartago a Tóquio,
Viajei pela história, atravessei os tempos...

Fui àquela dimensão onde tudo era trocado,
vi alienígenas humanos e humanos alienígenas...

Andei, viajei, atravessei, mas cansei:
  • De não ter aonde chegar,
  • De não ter uma pátria,
  • De não ter um povo...

Cansei:
  • De viajar sem ter para onde ir ou para onde voltar,
  • De minha viajem sem par e solitária,
  • De não ter a quem contar minhas histórias...
  • De não ter um porto fixo, casa minha, cansei de todas as viagens...
De correr e correr sem ter um ponto final nessa corrida...

Cansei de ser nômade universal, afinal, nenhuma de minhas viagens foram tão boas quanto se ter um lar,

Sou um viajante que não quer mais viajar, só quer fazer a ultima viajem...

Aquela que me leva aos braços de você,
Minha pátria perdida e esquecida,
Meu lar perdido no tempo,
Meu povo largado no passado...

Parto agora rumo á minha maior viajem,
A viajem de viver uma vida como ela deve ser vivida...

Fui o grande viajante que agora finda sua jornada sem rumo.

Eu sou a Mente...

Um comentário:

  1. Enquanto lia o texto, muito interessante por sinal, eu pensei em "alma" vivendo todos as possibilidades até tornar-se completa e chegar ao Criador...

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