quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A Grande Figueira





Lá no meio da grande floresta, bem na clareira central, estava a maior de todas as árvores.
A Grande Figueira, com suas grandes copas majestosas e seus galhos imponentes.
Seu grande tronco mais parecia uma pequena montanha de tão largo e alto que era...

Suas frutas eram as mais belas e mais doces de toda a região.
Nos galhos mais altos havia vários ninhos, desde ninhos de coruja á ninhos de pequenos pássaros.
Nos troncos de cima a abaixo, podia se ver as formigas incansáveis em seu trabalho de limpar a Figueira.
Sob suas sombras uma grande gama de animais brincava: do servo selvagem ao pequeno besouro.
Suas frutas, além de belas eram docíssimas, o que atraía as abelhas.

Assim era a vida da Grande Figueira, cheia de cores e alegria.

Ela era única.
Não havia outra igual em qualquer lugar daquela floresta ou em qualquer parte do mundo. Única em esplendor, única e imponência e em majestade.

A rainha das árvores, soberana em seu estado mágico.
Certa vez, em uma primavera, um lobo que passava pela floresta se encantou com a majestosa árvore e resolveu dormir sob sua sombra e por lá ficou.  Não desgrudava da árvore, afinal, ali ele tinha de tudo: comida, abrigo e companhia. Só saia mesmo para ir ao pequeno riacho próximo dali para tomar água, mas sempre voltava para perto da figueira.

Certamente, a figueira também gostou da companhia do lobo, pois podia se ver os galhos se juntarem nas épocas de chuva para cobrir o lobo que se sentia bem protegido e também bem acompanhado.

O tempo foi passando, os meses, os anos também, e a vida era sempre assim...

Um grande inverno chegou.
Até mesmo a Grande Figueira sentiu suas folhas caírem.
Suas frutas sumiram e seus galhos começaram a apodrecer.

Todos os animais foram embora, menos o lobo que resolveu ficar junto de quem lhe havia dado tanto.  Ele saía para caçar ás vezes, mas voltava e se deitava ao pé da grande árvore.

Esse ano o inverno foi maior que o normal.
Só terminou dois dias antes do início do verão, mas o verão também foi demais, muito quente, sem chuvas.

A árvore não conseguia se recuperar, mesmo assim o lobo ficou ali a seu lado...

No meio do verão, a árvore se preocupou por que o lobo estava ficando fraco e muito frágil, então, os restos de galho que ainda tinha, ela girou,pôs sobre o lobo e começou a soltá-los sobre sua cabeça que a princípio não entendeu aquilo.

Com o tempo, o lobo ficou muito raivoso e achou que a árvore estava o expulsando e ofendendo. Muito bravo, ele saiu de lá e se pôs no mundo.
A árvore sentiu que o havia machucado, mas era o que ela tinha que fazer para o bem do lobinho.
Assim, ele ficou triste...

Talvez ela esperasse que não a deixasse nunca...
Já o lobo, andou por dias, até que achou um rio, tomou muita água e ficou olhando a própria imagem nas águas.  Percebeu então, que estava magro, com os pelos caindo, mas o que lhe veio à cabeça foi:
“A árvore está pior que eu, não posso deixá-la agora!”

Então, ele encheu a boca com água, pôs-se a correr por horas, até chegar perto da árvore, que quando o viu se alegrou, mas também ficou brava.

Ele chegou balançando o rabo encostou-se à árvore e jogou para fora a água sobre as raízes da árvore, que ao sentir a água viu algo mais naquele gesto.

O lobo uivou para a árvore dizendo que ia buscar mais água. Assim foi por um dia e uma noite. O lobo ia ao rio, voltava com a boca cheia de água e jogava nas raízes da árvore, mas o esforço foi muito.
Ele caiu exausto aos pés da árvore e dormiu por dias...

Após sete dias ele acordou, abriu os olhos e viu tudo verde e pássaros cantando.
Então, ele se levantou,olhou a árvore, e lá estava ela mais linda do que nunca...
Cheia de vida e majestade.
Depois disso, nunca mais o lobo saiu dali, a árvore nunca mais ficou sem brilho e ambos se tornaram um só espírito:

O Espírito que dá vida á Floresta, a teimosia do Lobo e a doce proteção da árvore...