sábado, 8 de dezembro de 2012

As Sete Respostas de Shiva - Parte VII


Shiva fechou o terceiro olho e Manish ficou á sua frente.

Shiva então falou:
- Seu pai era um homem formidável, ele tinha uma grande compreensão das leis de Brahman e com a resposta sincera que deu, quebrou o karma que tinha com seu tio. Ele chorou pois temia que seu tio não descobrisse a verdade.

- Seu pai amava muito seu tio, mas nada mais podia fazer por ele...

- Com esse ato, ele libertou-se totalmente da roda de sansara a atingiu o moksha, a sublime compreensão de todas as coisas, sendo assim não poderia mais ficar no corpo.

Você pediu-me para não deixa-lo sofrer. Ao mesmo tempo seu pai pediu-me que o deixasse viver um pouco mais para poder mais uma vez passear com você e abraçar sua mãe...

Como você me pediu, tirei as dores e sofrimentos físicos de seu pai mas fiz isso pois ele tinha méritos suficientes para merecê-lo.

Ao mesmo tempo, segurei-o no corpo mais alguns dias pois ele tinha também méritos necessários.
Se você tivesse me pedido para não deixa-lo morrer, aí sim, você poderia me cobrar, pois nem mesmo eu vou contra as leis de Brahman.

Jamais faria seu pai viver em forma física se ele a transcendeu.
Isso, seria um afronto ás leis de Brahman e grande sofrimento a seu pai.

Manish sentiu-se envergonhado e percebeu o quanto fora egoísta em querer o pai sempre junto a ele e quanto isso poderia ter feito mal a uma das pessoas que ele mais amava no mundo.

Ele chorou, e entendeu que o Maha Deva fez o melhor possível para seu pai e que ele realmente não sabia nada...

Como a vontade de aprender estava crescendo dentro de Manish, ele perguntou:
Maha Deva, aos dezoito anos pedi ao Senhor que me fizesse campeão da competição em Varanasi mas o Senhor não me ajudou...Por quê?

Shiva mudou o semblante. Parecia irritado, mas falou:
- Antes de qualquer coisa, considero competições para ver quem é melhor, abominável...
- Todos somos iguais e irmãos...

- Essas competições são invenções humanas para que um irmão se sobreponha a outro, portanto, é uma coisa terrível a meus olhos...

Você pediu minha ajuda e eu o ajudei mesmo contra gosto á minha forma, não como você queria...
Lembra-se do Yogi que passava correndo por você?

Manish lembrou do Yogi e balançou a cabeça em afirmação.

Então, Shiva mudou sua aparência. Transformou-se no Yogi que Manish vira várias vezes naquela época e falou:

- Você e todos participantes me pediram a vitória mas eu não ajudei ninguém dando força ou fazendo correr mais rápido. Isso seria injusto com os outros e não admito injustiças...

- Eu, na forma de Yogi, dizia a cada competidor palavras de incentivo ou dava dicas do que devia fazer.

A você, disse várias vezes:
- Se eu não correr, nunca vou chegar...
- Se não praticar, nunca vou ganhar...

Disse isso pois você nada fazia para ganhar...
Não treinava e ficava apenas contando com minha ajuda... 

Além de me pedir ajuda para algo inútil ainda queria que corresse por você...
De todos os corredores, o único que entendeu minhas palavras, foi o que venceu...

Toda vez que ele se cansava, eu passava por ele e dizia:
- Se desistir nunca vou ganhar...todo esforço leva a uma vitória...

Por esforço próprio ele ganhou.
Diferente dos outros, apenas ele me deu ouvidos. E, no final, ainda te falei uma coisa que fez você finalmente entender que só se chega a alguma coisa por esforço próprio:

- Quem pelo esforço e dedicação vence, é bem visto por Brahman...
- Quem se dedica é filho dos Devas, mas aquele que nada faz aos Devas apenas olham e esperam que ele se volte para o esforço e dedicação...

Mesmo com raiva de mim, você entendeu o que falei e nos anos seguintes ganhou todas as competições.
Para mim, foram vitórias inúteis que só te serviam para te lavar o ego.

O Maha Deva calou-se, mas Manish fez a quarta pergunta:
- Por que o Senhor não me ajudou a ficar com Rania como pedi?

O Maha Deva abriu os olhos e falou:
- Manish, você, na verdade nunca casou-se com Rania.
- Você nunca a amou...
- A única coisa que os manteve junto foi o respeito e carinho que tinham um pelo outro.

Você pediu-me para ela nunca te trair mas você a traia todos os momentos pensando em Chandra.
Ela tentou te amar mas nunca conseguiu...

A única forma de realmente ela não te trair seria indo embora atrás de quem amava, e até hoje, diariamente ela me pede para te proteger, mandando energias positivas. Ela pode não estar perto mas nunca deixou de ser sua amiga... 

Manish concordou sinceramente com o que o Maha Deva disse e fez a quinta pergunta:
- Senhor, quando pedi um sócio honesto, porque mandou-me um sócio desonesto e mal?

Shiva então falou:
- Essa pergunta responderei junto à outra mais a frente pois ambas estão ligadas.

Manish intrigado fez outra pergunta:
- Maha Deva, eu lhe implorei na entrada de sua caverna, que me desse um amigo. Até hoje esse amigo não veio, por que Senhor?

Shiva sorriu e disse:
- Te dei duas amigas. As mais fiéis e doces amigas que poderias ter. Suas duas cadelas não são suas melhores amigas desde que apareceram?

Manish sorriu e disse:
- Sim, Senhor, são mesmo. Eu as amo e elas me fazem feliz...
- Perdoe esse idiota que só agora percebe o grande presente que o Senhor me deu...

Shiva ainda sorrindo falou:
- Não há o que perdoar. Apenas o que se compreender, e você compreendeu.

Nesse momento Manish ajoelhou-se em frente ao Maha Deva e disse:
- Agora entendo...
- Tu és meu pai e mestre...

Manish levantou-se e pela primeira vez chamou Shiva de pai.

Pai, a próxima pergunta é sobre eu perder os cavalos para o brâmane, mas, como entendi, o Senhor abomina competição e considera todos iguais.
Vejo que fui bobo por fazer aquela aposta.
Mas, se o Senhor quiser falar algo sobre isso, ouvirei com a maior atenção...

O Maha Deva olhou para Parvati e começou a falar:
- Só existe Brahman, o único. 

Eu, Vishnu e Brahma somos as três grandes qualidades dele manifestando-se.
- Brahma é a criação
- Vishnu é a Manutenção
- E eu sou a transformação
- Somos três em um...

Nesse momento, o corpo de Shiva transformou-se e ele tinha as cabeças de Brahma, Vishnu e Shiva.
As três cabeças falaram juntas:

- Pela glória de Brahman nos manifestamos...
- Somos seres que geram um só...
- A qualidade de Brahman...
- Três unidades, uma só função. Três faces, uma só visão. Somos todos um só Brahman...

O corpo de Shiva voltou ao normal e o Maha Deva continuou a falar:
- Aquele brâmane, na verdade, nunca foi um sacerdote...
- na verdade, ele era um ladrão e usou um troque para fazer os cavalos irem até ele...

- Ele tinha nas mãos um pedaço de mel endurecido. Quando ele passou a mão na cabeça dos cavalos os fez sentirem o cheiro e, como os cavalos adoram mel, inclinaram-se a segui-lo.
Ele te enganou...

- Não foi Vishnu quem fez o milagre. O milagre na verdade foi um “golpe sujo” de um ladrão...

E continuou:
Agora, responderei sobre seu “sócio”, pois esse ladrão foi contratado por Johar para te roubar e para lhe dar o cantil de água que estava envenenada...

Na época, apareci em sonho para um devoto meu no reino dos Shakyas. 
Ele era da casa real.

Eu disse a ele que deveria procurar-te em Varanasi e tornar-se seu sócio.
Na viagem, ele foi assaltado por Johar, que lhe roubou as roupas e o colar com Trishula.

Perguntando ao Shakya o que esse fazia em Varanasi, ele respondeu que seria seu sócio.
Johar, então, teve a ideia de tentar ser seu sócio também, mas esperou para ver se Shakya teria sorte.
Caso isso acontecesse, ele mataria Shakya e tempos depois procurar-te-ia para ser seu sócio.

Mas...você, Manish, com seu preconceito esse ato abominável afastou o Shakya de ser sócio,mas não pense que esse ato detestável seu salvo a vida do Shakya,na verdade Johar nunca poderia matar ele ,pois eu pessoalmente o impediria,pois esse Shakya era um homem honrado e justo e não merecia ser morto por um bandido,mas ser assaltado era uma paga carmica que ele ainda possuía,e Johar o fez pagar esse carma...

Na verdade, Manish, ele queria te matar para ficar com suas duas lojas mas você descobriu antes.

Sabe por que ele queria tanto te destruir?
Manish disse que não sabia...

Shiva então disse:
- Johar era o menino que você jogou a pedra quando era garoto.
- Desde aquela época ele quer te matar...

Manish ficou perplexo...

- Como um ato tão bobo do passado poderia gerar um problema tão grave?

As palavras de seu pai ecoaram em sua cabeça:
“Não se vence preconceitos com pedras, e sim, com ações...”

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