Depois
do acontecido, Manish não quis mais saber de casamento ou de amor.
Dedicou-se
totalmente á loja, que cada vez mais prosperava.
Ele
então, resolveu que teria de abrir mais uma loja mas com isso precisaria de um
sócio.
Mais
uma vez, apesar de achar inútil ele pediu a Shiva que lhe indicasse um sócio
bom e honesto.
No dia seguinte, chegou á loja, um homem
com a roupa cheia de lama , com uma barba enorme e perguntou a Manish:
- O Senhor pretende abrir uma
nova loja?
Sim,
meu caro amigo, pretendo sim. O senhor gostaria de trabalhar nela?
O homem respondeu:
- Na
verdade, gostaria de investir como sócio, mas o dinheiro que trazia foi roubado
por assaltantes no caminho. Sou membro da corte real dos Shakyas[1]
e desejo ficar nessa cidade...
Diferente de seu pai, Manish olhou o
homem com preconceito e disse:
-
Meu amigo, não serei seu sócio pois não creio em suas palavras...
O
homem simplesmente retirou-se da loja e se foi.
No
mesmo dia, foi á loja um dos habitantes mais odiados de Varanasi. Seu nome era
Johar.
Ele
estava bem vestido e trazia no peito um colar com um pingente de Trishula[2].
Ao
ver isso, Manish achou que esse era o sócio que pedira ao Maha Deva, mas
esperou ele falar.
Dito
e feito.
Johar
estava lá pois ouvira que Manish precisava de um sócio. Apesar da má fama de
Johar, Manish de pronto aceitou-o como sócio...
Inicialmente,
a loja estava prosperando com grandes lucros,
Após
alguns meses ela passou a ter prejuízos mas isso era estranho, pois as vendas
sempre eram boas.
Manish
ficou cismado e passou a vigiar a loja.
Ele
viu que Johar ás vezes tirava tecidos da loja e levava para casa.
Foi
olhar a contabilidade de um dia onde foram vendidos vinte tecidos e no registro
só constavam nove vendas.
Com
muita raiva, ele percebeu que seu sócio o roubava e foi falar com ele.
Johar
negou e culpou os funcionários, mas Manish era muito inteligente e não “caiu na
conversa”.
Manish pegou Johar pelo pescoço e disse:
-
Ladrão, suma da minha loja...
Johar
foi embora correndo e nunca mais voltou.
O
boato de que Johar prometera se vingar de Manish, correu pela cidade, mas ele
não temia ameaças.
Como
sempre, ele culpou o Maha Deva pelo ocorrido.
O
tempo passou e Manish foi ficando cada dia mais triste.
Sem amigos, amor, e sem
seus pais.
Isso
o consumiu de tal forma que ele engoliu o orgulho, foi até a caverna que seu
pai dizia ser a caverna onde Shiva ficou meditando pela perda de Sati,
ajoelhou-se na entrada e fez uma súplica:
-
Maha Deva...não sei se o Senhor nunca me ouviu ou não gosta de mim, mas meus
pais sempre falaram bem do Senhor...
- Tento
ser igual a meus pais mas muitas vezes não sou...
-
Tento ser o melhor possível mas muitas vezes sou imperfeito...
-
Sinceramente, gostaria de entender o Senhor e gostaria que o Senhor também me
entendesse...
-
Hoje, quero apenas pedir uma coisa: Que o senhor não me deixe mais ficar só
nesse mundo. Ao menos, um verdadeiro amigo o Senhor podia me arranjar...
Passaram-se
semanas e nada de um amigo ou amiga aparecer.
Manish
já esperava por isso.
Nesse tempo, todos os dias, quando Manish abria a loja,
havia na porta, dois filhos de cães. Na verdade, eram duas fêmeas. Era só abrir as portas que as cadelinhas
entravam e corriam para brincar com ele.
De
início, ele não gostou, muito mas as cadelas o conquistaram. Logo, ele as levou
para casa e elas passaram a ser a família de Manish.
Elas
eram muito divertidas. Iam para cima e para baixo, sempre andando uma de cada
lado. Com o tempo elas cresceram e viraram duas belas cadelas de grande porte.
Eram enormes, estabanadas e viviam derrubando Manish.
O
tempo foi passando.
Manish completou vinte e sete anos.
Apesar
da companhia das duas inseparáveis cadelas, Manish sempre estava nostálgico,
lembrando-se de Chandra.
Agora,
ele achava que ela já deveria estar casada e não lembraria-se mais dele...
Mentalmente,
Manish pensou pedir ao Maha Deva que soubesse notícias de Chandra, mas não
pediu
Ele
acreditava que o Maha Deva nunca se importou com ele.
Certo
dia, trabalhando na loja, Manish ouviu uma grande festa que estava ocorrendo na
rua.
Estranho...
Como não era época de festivais ele foi ver o que era...
Como não era época de festivais ele foi ver o que era...
Era
uma deslumbrante parada real.
Manish viu uma comitiva de guerreiros escoltando três mulheres.
Manish viu uma comitiva de guerreiros escoltando três mulheres.
A do
meio que era mais velha, era sem dúvidas a mulher mais linda que Manish já vira. Ao
lado dela estava duas moças tão belas quanto à mulher e junto a elas muitas
crianças.
Havia
músicos tocando e alguns homens jogando pétalas de flores ao chão para elas
pisarem...
De longe, a mulher mais velha olhou para
Manish, a loja, e disse:
-
Minhas filhas, vamos comprar tecidos na loja daquele menino.
Manish
ao ouvir isso, chamou os funcionários e lhes deu ordem de atenderem bem a nobre
mulher.
Ela
e as duas jovens entraram na loja enquanto o resto da comitiva ficou lá fora.
Uma
das crianças que estava na comitiva entrou também. Ele tinha cabelos vermelhos
, olhos verdes e entrou pulando sobre os tecidos.
A nobre mulher apenas disse:
-
Meu bebê lindinho, pode brincar...
- Se
você quebrar algo eu pago...
Manish
as deixou á vontade. Só olhava como eram bela as três mulheres e observava como
o menino de cabelos vermelhos era “levado”.
A
nobre senhora disse então:
-
Siddhi, minha lindinha, compre tecidos. Quero fazer uma bela roupa para meu
bombomzinho...
A jovem respondeu:
-
Sim, minha mãe. Pegarei o melhor tecido e juntas faremos a roupa de meu lindo
marido.
Enquanto
a moça pegava muitos tecidos, a nobre mulher pediu duas cadeiras e disse a
Manish que gostaria de conversar com ele.
Ele
prontamente buscou a cadeiras e ela começou a falar. Primeiro, elogiou a
qualidade dos tecidos. Depois, agradeceu o tratamento que estava recebendo na
loja.
Nesse momento, o garoto de cabelos
vermelhos pulou no colo dela, ficou olhando para Manish e falou: -
Você é um bobão, Manish.
Manish
não entendeu porque o menino falou aquilo e como sabia seu nome...
Antes que ele perguntasse, a nobre
mulher falou:
-
Então... Você é o famoso Manish, filho de Sitara e Ravi. Devotos fiéis de
Shiva...
-
Bem, ouvi dizer que você é muito forte e próspero, mas não tem amigos nem um
amor.
Manish
apenas mexeu a cabeça concordando.
A nobre mulher continuou:
- Em
uma cidade muito distante daqui, tem uma bela jovem que todos os dias pede aos
Devas que o homem que ela ama lembre-se dela e a salve.
-
Como você, ela já está perdendo a esperança de um dia ele chegar...
Manish
ficou assustado mas nada disse.
Ela
então chamou as duas jovens que estavam com ela e apresentou-as a Manish.
Essas são as esposas de meus filhos: Siddhi
e Valli. Consequentemente, são minhas filhas. Esse menino “levado” , meu colo é
meu filho também...
No
passado meu jovem, tive de lutar pelo amor de meu marido e hoje estamos
juntos...
-
Por que você não vai atrás de sua Chandra?
Nesse
momento, Manish começou a tremer.
Ele
lembrou-se que os nomes Siddhi e Valli era os nomes das esposas de Ganesha e
Skanda e a mulher mais velha sabia muito sobre ele mesmo.
-
Seria possível ele estar frente à Maha Devi?
Ainda com esse pensamento, Manish foi
interrompido pela nobre mulher que falou:
-
Seu pensamento está correto, meu jovem...
- Eu
me chamo Parvati. Sou esposa de Maha Deva.
Nesse
momento, Manish perdeu a fala e ficou “branco”.
Parvati então disse:
-
Ouça bem, meu jovem...
- Vá
salvar sua Chandra, pois ela precisa de você...
-
Não perca mais tempo...Quando eu e minha comitiva formos embora, parta para a
cidade onde ela está e a resgate...
Depois
disso, ela deu uma sacola de moedas de ouro a Manish e retirou-se da loja...
Manish
ficou parado por um tempo mas logo voltou a si. Fez o preparativos para ir
atrás de Chandra.
Deixou
as lojas com funcionários e explicou-lhes o que deveriam fazer.
Foi
até o estábulo, comprou dois cavalos e foi para a estrada...
Pelo caminho pensava:
- O
que será que estava acontecendo com Chandra que fez com que a própria Parvati
viesse pedir para salvá-la?
Após
dois dias de viagem, Manish chegou a um povoado.
[2] Trishula (do sânscrito, significa "lança trifurcada") é a arma usada por Shiva
desde suas ilustrações mais antigas (período neolítico,
4.000 A.C.) na forma de Pashupati,
o "Senhor dos Animais". Shiva, na condição de "renovador"
(destrói para construir algo novo), usa a trishula para destruir a ignorância dos homens.) de Shiva.
Aguardo ansiosamente pela continuação...
ResponderExcluirMuito bem, meu amigo...
ResponderExcluirAbraços