Lá
estão elas, as raras Pérolas negras no fundo do oceano das grandes mentiras,
Perdidas no abismo de suas inconsciências, dentro de suas ostras medonhas, presas
ao passado,
Sem poder ver um futuro, carregam o martírio da eterna solidão...
São
a beleza que nenhum olho viu. Quem poderia as ver em sua rara beleza senão um
olhar atento de um de um velho mergulhador de mares lacrimosos?
Sois
vós que me encanta, sois vós, minhas sereias sem canto, olhos perdidos dentro
de um mundo obscuro...
Ao
vê-las sempre me pergunto:
Quem
as fez?
Quem
foi que as criou?
Quem
foi que as transformou de grão de areia em lágrimas tão tenras da natureza?
Quem
foi que lhes disse que sua beleza é perecível?
Quem
foi o ignorante que a chamou de inacessível?
Quais
foram seus pecados para que se escondam da luz de um novo amanhecer?
Vós
que eternamente contemplam a face do invisível e que se sufocam na mais
profunda perdição, por que se deixam levar pelas correntes marítimas da ilusão?
Minhas
queridas Negras Madres Pérolas, por que fazem da ostra sua mais forte prisão?
Por
que deixam que o mundo tão sem cor fique corrente de sua aparição?
Muitos
dizem que vocês são um erro natural, afinal, de um pequeno grão de areia que
entra na ostra vocês surgem, mas eu digo:
Vocês
não são erro, muito menos algo a ser desmerecido!
Vocês
são encanto, magia, beleza fundamental aos olhos da noite...
Nunca
foram adorno, e sim, aquilo que têm que ser adornado, se mostrem ao mundo como
são:
Sua
rara beleza é para poucos, para aqueles que têm olho supra-humano...
Não
se escondam do mundo, não se deixem matar pelas opiniões alheias, sejam o que
são:
A
mais pura beleza das sombras...
Vocês,
que tanto tempo levaram para se transformar de grão de areia na mais bela das
jóias, tem muito que ensinar e também muito a descobrir...
Deixem
que esse velho pescador de ilusões lhes mostre um mundo novo...
O
mundo da superfície, o mundo onde a aparência é tão importante quanto uma vírgula
perdida, em um texto...
Venham
belas pérolas, para o meu mundo e se deleitem da minha mais pura amplidão...
Assim
como vocês já foram habitantes de uma ostra, agora sou habitante dos jardins
das emoções...
Não
tenham medo de me seguir... O pior que posso lhes fazer é deixar vocês sorrindo
com minha mais profunda alegria de quem já foi noite, e agora é dia e amanhã
será eterno...
Vós
que sempre foram às grandes companheiras desse distinto poeta, vós que em forma
de lágrimas sempre enfeitarão a minha face brônzea, sabiamente foi dito:
Não
De pérolas a porcos...
Então,
não vertam essas jóias a quem não merece, não dê pérolas aos ignorantes, ou
melhor, não contem sobre suas vidas ao ajuntamento de ratos que vos cerca...
Sejam
belas em esplendor,mas fechadas ás visões de inveja que vos atormentam,seja sim,
a glória do poeta desconhecido...
Sejam
a expressão do ardor de uma vida cheia de labor...
Ó
minhas doces pérolas negras, vós que não me deixam,
Nunca
saibam que a vocês guardo minha fidelidade de guardião das lágrimas mais
profundas de quem as verteu, e nesse instante só me resta dizer uma última
coisa:
Pérolas
negras que vêm a mim no amanhecer saibam que vou até vocês ao anoitecer...
Dê
vossa última lágrima de fé em busca de perdão de um pecado que nunca foi cometido.